Day Off with the graphic designer, Yana K

I'm a curious guy. This means that whenever I meet someone that strikes me as an interesting person, I usually get a bit curious and interested in knowing more about that person. What does she/he do besides her/his job, hobbies and passions, etc.

That's what happened with Yana. A model I met 3 years ago when we shot an editorial for the german Storm Magazine. After that, we worked together a few other times, but I'll never forget the professionalism shown on that first editorial. It was shot in February on a rainy and foggy day, with a temperature around 5-6 degrees, she was wearing spring/summer dresses the whole day, and although she was shivering most of the time and the team did what was possible to keep her warm, she didn't complain once! This is professionalism! I know, she's a model and that's part of the job. But not every girl can put up this level during a whole day and still look good on the photos.

But the reason I'm doing this post, is the fact that my curiosity got me to know Yana a bit more. And so I found that besides being a model, she is making a career as a graphic designer (and a pretty cool one, I must add!).

Every time we talk, we end up discussing ideas and opinions about design, photography and many other things. And last time we met, not only did I take some shots in her natural environment (aka, her office) but we also ended up talking about creative processes and so on and I thought it would be interesting to share some of her own insights:

 

You've been living in Lisbon for 4 years now. Is there something in Lisbon that keeps surprising you? 

Well, I feel more and more like home here, and there are no things that come as a shock to me anymore, but I’m never bored in Lisbon! There are always places to explore, foods to try, art to feel, and to answer your question: no, I am not surprised, but I am amused!  

 

Looking at your Instagram, one could assume that you love walking around Lisbon. Would you say that this city inspires you? 

Lisbon has endless opportunities to stay motivated and culturally upgraded - with so many events, museums, little local shops it’s easy to refresh your mind, and get new perspective on things. Portuguese capital is home to so many talented people, surprising and creative businesses, innovation in different ways, which definitely makes you want to raise the bar for yourself and evolve. I’m a big fan of Portuguese cuisine (just no parsley, please), and that on top of friendly environment and (usually) pleasant weather creates an ideal atmosphere to keep going.

 

I know you are really into pretty much everything design related. But you have also been modeling for several years, both in Portugal and abroad. Did these two areas (graphic design & modeling) ever come together? 

Not so much, no. When I model, I try to switch off the Yana-designer, because that one has an opinion about pretty much everything - from lightning to clothes styling, and it’s not exactly what most clients look for. If I had a chance, I’d love to direct a shooting and also model for it, but it would require enormous level of trust between me and the client. I hope I’ll get there someday. 

 

When you are feeling stuck or out of ideas, what do you do to overcome that and trigger your creativity? 

I don’t really believe in inspiration as some sort of blessing that only comes around when the stars align. Every project has a research stage - that’s when you take time to learn about your client and their market, to see what’s been done, to test ideas. If I had to compare design, I’d say it has more to do with medicine than, for example, art. It’s not about expressing yourself, it’s about solving problems, so it’s only natural that one has an algorithm. I kind of feel I don’t have the right to tell a client "oh I’m sorry, I just didn’t feel like working on your project, so instead I marathoned through 2 seasons of Breaking Bad in search of inspiration”.

It’s a very interesting and controversial topic. I know my views are probably not very conventional, but I stand by them so far. Of course it’s important to keep educating yourself, stay on top of what’s going on - browse through your peers' portfolios, visit galleries and museums, meet people with different backgrounds, develop new skills - it all contributes to your designer personality and professionalism, so to sum up I’d say that’s what I do to keep ideas flowing in.

 

I noticed you have lots of design books at your place. Do they have an important role in your creative / work process?

I use them for research - I have a collection of “Clube de Criativos de Portugal” annuals, and others are more technical, on printing techniques and finishes, on history of design, designers' biographies. 

 

What was your most challenging (design) project so far? And why?

Tough question! (35 minutes later...) I would say it’s “This is Lisbon” - a project I did for D&AD Young Blood Award contest. The briefing was very open (reimagine your hometown through colour), and even though I wasn’t born in Lisbon, that’s the city I “reimagined”. It was challenging for various reasons: the contest itself is a pretty big deal, but with a briefing like that you get plenty of ideas, and it’s hard to choose and give some of them up. Also, after publishing the project I was afraid to offend local people - I love Lisbon, and put all that love into designing this identity, but my vision of the city could be somewhat “out of line” for locals. 

 

Based on your experience, what's the most important tip for any creative freelancer?

My answer will be boring and practical - save money, and learn how to manage it! Freelancing (and not Hitchcock) is a master of suspense, and while it’s exciting and there are really endless opportunities just waiting for you to grab on, it’s hard to stay focused and creative when you can’t pay your bills - believe me, and don’t try that at home. 

 

Yana is a Siberian graphic designer, currently based in Lisbon. You can follow her work on Facebook and make sure to check her Instagram account (specially if you love Lisbon and food ;) ).

Sou uma pessoa curiosa. O que significa que quando conheço alguém que me parece interessante, acabo sempre por querer saber um pouco mais. O que é que ela faz além do trabalho, hobbies, paixões, etc.

Foi isso que aconteceu com a Yana. Uma modelo que conheci há 3 anos, quando fotografámos um editorial para a revista alemã Storm. Depois disso, trabalhámos mais algumas vezes, mas o profissionalismo mostrado naquele primeiro editorial, marcou-me. Foi em Fevereiro, em Sintra, num dia de chuva e nevoeiro, com uma temperatura de cerca de 5-6 graus, a fotografar roupa de primavera/verão... ela bem que tremia a maior parte do tempo e apesar da equipa ter feito os possíveis para mantê-la quente, ela aguentou o dia sem se queixar (bem, pelo menos não verbalizou nem mudou a atitude dela). Isto é profissionalismo! Eu sei, sendo modelo, faz parte do trabalho. Mas ainda assim, nem todas as modelos aguentam aquelas condições o dia todo e ficam bem nas fotos.

Mas a razão deste post, tem a ver com o facto da minha curiosidade me ter levado a conhecer um pouco mais da Yana. Fiquei a saber que, além de modelo, tem estado a desenvolver uma carreira enquanto designer gráfico (e bem notável, devo dizer!)

Sempre que falamos, acabamos por trocar ideas sobre design, fotografia e uma série de outras coisas. E da última vez que estivemos juntos, não só aproveitei para tirar umas fotografias no seu "habitar natural" (que é como quem diz, no escritório dela), mas acabámos mais uma vez, por falar sobre processos criativos e afins e achei que poderia ser interessante, partilhar um pouco da visão dela.

 

Estás a morar em Lisboa há cerca de 4 anos. Há algo em Lisboa que ainda te surpreenda?

Bem, sinto-me cada vez mais em casa aqui e já não há assim tantas coisas que me surpreendam, mas aborrecida em Lisboa, é que nunca fico! Há sempre imensos sítios por explorar, comida para experimentar, arte para sentir e respondendo à tua pergunta: não, já não me surpreende, mas diverte-me!  

 

Quem olha para o teu Instagram, facilmente assume que adoras passear por Lisboa. Dirias que é uma cidade que te inspira?

Lisboa tem um sem fim de oportunidade para me sentir culturalmente motivada - com tantos eventos, museus e pequenas lojas, é fácil refrescar a mente e ter uma nova perspectiva das coisas. Lisboa tem tanta gente talentosa, projectos surpreendentes e criativos, que definitivamente nos faz querer envolver nela e querer fazer mais e melhor. E sou uma grande fã da cozinha Portuguesa (mas sem salsa, sff), o que juntamente com o tempo (normalmente) agradável, cria as condições ideais para continuar a inspirar-me.

 

Sei que adoras praticamente tudo o que esteja relacionado com o design. Mas também trabalhaste como modelo durante vários anos, tanto em Portugal como lá fora. Estas duas áreas (design gráfico e moda) alguma vez se cruzaram?

Nem por isso  Enquanto modelo, tento desligar a Yana-designer, porque essa tem sempre a sua opinião sobre praticamente tudo - desde a luz ao styling e não é propriamente disso que os clientes gostam. Se tivesse oportunidade, adorava dirigir um shooting e ser igualmente modelo no mesmo, mas para isso seria necessário um grande nível de confiança entre mim e o cliente. Mas quem sabe, um dia.

 

Quando estás sem ideias, o que costumas fazer para ultrapassar isso e despertar a criatividade?

Não acredito muito na inspiração como uma espécie de benção que só aparece quando as estrelas se alinham. Cada projecto tem a sua fase de pesquisa - que é quando temos de aproveitar para conhecer o cliente e o seu mercado, para ver o que já foi feito e para testar novas ideias. Se tivesse de comparar o design com algo, diria que está mais próximo de algo como a medicina, do que por exemplo, da arte. Não é tanto uma questão de nos expressarmos, mas mais uma questão de resolver problemas. Não me sinto capaz de dizer a um cliente "oh, desculpe , mas não estava muito virada para o seu projecto e então fiz uma maratona de 2 temporadas de "Breaking Bad" para ver se me inspirava."

É um tema muito interessante e controverso. E sei que a minha maneira de ver as coisas pode não ser a mais convencional, mas ainda assim, continuo a manter-me fiel a ela. Claro que é importante continuarmos a educar-nos e estarmos sempre em cima do acontecimento - acompanhar o trabalho dos nossos colegas, visitar galerias e museus, conhecer pessoas de áreas diferentes, desenvolver novas competências - porque isto contribui tudo para a tua personalidade e profissionalismo. Resumidamente, diria que é isto que faço para manter as ideias em movimento.

 

Reparei que tens imensos livros de design no teu escritório. Qual é a importância deles no teu trabalho?

Uso-os para pesquisa - tenho a colecção de anuários do "Clube de Criativos de Portugal" e outros mais técnicos sobre impressão e acabamentos, história do design e biografias de designers.

 

Qual foi o teu projecto de design mais desafiante até hoje? E porquê?

Essa é difícil! (35 minutos depois...)  eu diria que foi o "Isto é Lisboa" - um projecto que fiz para o concurso D&AD Young Blood. O briefing era um bocado vago (re-imaginar a tua cidade através da cor) e apesar de eu não ser natural de Lisboa, foi esta a cidade que escolhi para "re-imaginar". Foi particularmente desafiante por várias razões: o concurso em si era bastante importante, mas um briefing destes deu margem para tantas ideias, que acabou por ser difícil escolher umas em detrimento de outras. Além disso, depois de publicar o projecto, fiquei com algum receio de ofender os lisboetas - eu adoro Lisboa, mas colocar toda esta admiração no design da sua identidade e a minha própria visão, poderia resultar em algo um bocado "fora da caixa" para aquilo que as pessoas estão habituadas.

 

Com base na tua experiência, qual é o conselho mais importante para um freelancer que trabalhe numa área criativa?

A minha resposta vai ser aborrecida e prática - poupem dinheiro e aprendam a geri-lo! Freelancing é que é o mestre do suspense (e não o Hitchcock) e embora seja excitante e existam sempre inúmeras possibilidades à espera de serem agarradas, é difícil manter-mo-nos focados e criativos quando não conseguimos pagar as contas - acreditem em mim e não tentem isto em casa.

 

Yana é uma designer gráfica da Sibéria, actualmente a residir em Lisboa. Podem acompanhar o trabalho dela no Facebook e aproveitem para ver também o Instagram dela (especialmente se gostam de Lisboa e de comida ;) )